terça-feira, 1 de novembro de 2016

No Território das Sombras

‘‘Tu és nuvem, és mar, esquecimento
És também o que perdeste em um momento
Somos todos os que partiram’’ - Jorge Luis Borges.

Instituído um dia para o luto, o dia 2 de novembro força-nos a sacralizar socialmente aquilo com o qual não queremos nos deparar: a morte! Hoje é o dia institucionalizado para pararmos um pouco e pensar neste fato inevitável que tomou de nós quem amamos, e que tomará a nós próprios inevitavelmente. O mal estar diante da verdade incontestável deverá servir de ferramenta de reflexão. Afinal, quem somos nós e o que estamos fazendo aqui neste mundo finito, num corpo finito, correndo riscos todos os dias, sem saber se no próximo minuto já não estaremos mais por aqui?

A fim de viver menos superficialmente a questão do fim inevitável, gosto de trazer à mente reflexões importantes que possam servir de apoio ou de abertura de possibilidades em minha mente. Desta forma, sinto-me integrado ao que é natural e ao que supostamente será para além da natureza humana.

Estamos num planeta finito, habitando temporariamente um corpo finito, aprendendo a trilhar o caminho juntamente com outros seres que, embora semelhantes, profundamente diferentes em suas individualidades. Cada indivíduo único, habitante de um corpo único, não consegue em sua jornada terrena, viver sozinho. Precisamos uns dos outros para que a jornada se prolongue ao máximo possível.

Freud nos fala que a vida acontece sob angústia. De fato, nosso corpo é arrancado do corpo materno sem que possamos dominar a nós mesmo, e este estado de completa impotência de existir sozinhos irá perdurar a vida inteira.

Ao sairmos para a vida, somos reduzidos a uma metade. Seccionados do corpo materno, procuramos, pelo resto de nossas vidas, sobreviver. Desejamos, para sempre, encontrar uma metade que nos complete. Nossos pais, suprem em parte este anseio e nossos amigos e companheiros, tentam fazer o mesmo.

Dominados pela emoção da incompletude e da iminência de perder aqueles em quem depositamos nossas necessidades afetivas e amorosas, vamos tentando não pensar no fim. Pois o fim seria a desistência. Quem desiste, cai em melancolia e se aproxima do fim antes do fim.
Quando perdemos alguém a quem amamos, vivemos o luto. Passamos a habitar o território das sombras. Este estado de desamparo diante da perda, povoa nosso imaginário como sendo a ilusão de que estamos seccionados novamente, como quando saímos do corpo de nossa mãe. Desta forma, a cada morte vivida ou imaginada, nos deparamos com nossa incompletude e impotência diante deste mundo onde ainda não aprendemos a dominar.

Neste momento, quero falar então daquilo que eu penso sobre o destino dos Homens.
Se pudermos refletir sobre o passado, podemos apreender, de forma intuitiva, que o ser humano ao nascer seccionado, vem aprendendo a manipular a matéria do qual é feito todos os corpos do plano físico da terceira dimensão, a fim de poder se sentir novamente no controle de si.

Desta forma, vemos, por exemplo, o homem das cavernas tendo que aprender a controlar um mínimo de coisas para sobreviver. Ao longo dos tempos, preste atenção: não é isto que temos feito? Dominando a matéria para que possamos conseguir prolongar a vida. Tentando driblar a morte através do domínio da matéria, estamos conseguindo prolongar a vida e, de fato, hoje podemos viver quase que o dobro de tempo que nossos antepassados de 200 anos atrás.

Juntamente com este caminho de domínio sobre a matéria, estamos trilhando um caminho de reconhecimento pessoal. Nossa vida afetiva pode ser resumida na busca de reconhecimento. Se não somos nossa mãe, quem somos então? Eu sou alguém que pode viver e criar algo a partir de minha própria mente.

O que é a mente? Vejam, eu não disse cérebro. Eu disse mente: Essa coisa inexplicável que está para além do cérebro. Se sou dotado de uma capacidade criadora para além do físico, então há algo desconhecido em mim para além da matéria, que me impulsiona a continuar a criar em vida mesmo estando diante da minha incompletude.

Grandes almas que vieram ao mundo, sob o mesmo signo da matéria, vieram para nos apontar caminhos possíveis para além da matéria. Pessoas que viveram para mostrar que tudo é passageiro e justamente por isso devemos estender a visão para além de nossas angústias pessoais.

Segundo Teillard de Chardin, não somos seres humanos que possuem almas. Somos almas tendo uma experiência física. Desta forma podemos ter coragem de superar em nós nossas emoções pessoais e diante da morte vislumbrar ou reconhecer o fim de um ciclo e o início da próxima jornada.

A visão de que a morte é o fim deste ciclo na matéria nos liberta do fardo da angústia e do luto narcísico que tendemos a nutrir diante das perdas. Enquanto seres humanos devemos nos acostumar ao paradigma existencial onde a vida precisa ser criada e a morte reverenciada como a possibilidade de ultrapassar um estado limitante na matéria.

A mágica se dará na medida em que cada um assumir sua individualidade. Somente aprendendo a controlar a vida com as próprias mão, livres no poder da criação estaremos prontos para morrer e deixar o outro ir também. Sair das sombras e alcançar a luz!


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