‘‘Tu és nuvem, és
mar, esquecimento
És também o que perdeste em um momento
Somos todos os que partiram’’ - Jorge Luis Borges.
Instituído um dia para o luto, o dia 2 de novembro força-nos a
sacralizar socialmente aquilo com o qual não queremos nos deparar: a morte! Hoje
é o dia institucionalizado para pararmos um pouco e pensar neste fato
inevitável que tomou de nós quem amamos, e que tomará a nós próprios
inevitavelmente. O mal estar diante da verdade incontestável deverá servir de
ferramenta de reflexão. Afinal, quem somos nós e o que estamos fazendo aqui
neste mundo finito, num corpo finito, correndo riscos todos os dias, sem saber
se no próximo minuto já não estaremos mais por aqui?
A fim de viver menos
superficialmente a questão do fim inevitável, gosto de trazer à mente reflexões
importantes que possam servir de apoio ou de abertura de possibilidades em
minha mente. Desta forma, sinto-me integrado ao que é natural e ao que
supostamente será para além da natureza humana.
Estamos num planeta
finito, habitando temporariamente um corpo finito, aprendendo a trilhar o
caminho juntamente com outros seres que, embora semelhantes, profundamente
diferentes em suas individualidades. Cada indivíduo único, habitante de um
corpo único, não consegue em sua jornada terrena, viver sozinho. Precisamos uns
dos outros para que a jornada se prolongue ao máximo possível.
Freud nos fala que a
vida acontece sob angústia. De fato, nosso corpo é arrancado do corpo materno
sem que possamos dominar a nós mesmo, e este estado de completa impotência de
existir sozinhos irá perdurar a vida inteira.
Ao sairmos para a
vida, somos reduzidos a uma metade. Seccionados do corpo materno, procuramos,
pelo resto de nossas vidas, sobreviver. Desejamos, para sempre, encontrar uma
metade que nos complete. Nossos pais, suprem em parte este anseio e nossos
amigos e companheiros, tentam fazer o mesmo.
Dominados pela emoção
da incompletude e da iminência de perder aqueles em quem depositamos nossas
necessidades afetivas e amorosas, vamos tentando não pensar no fim. Pois o fim
seria a desistência. Quem desiste, cai em melancolia e se aproxima do fim antes
do fim.
Quando perdemos
alguém a quem amamos, vivemos o luto. Passamos a habitar o território das
sombras. Este estado de desamparo diante da perda, povoa nosso imaginário como
sendo a ilusão de que estamos seccionados novamente, como quando saímos do
corpo de nossa mãe. Desta forma, a cada morte vivida ou imaginada, nos
deparamos com nossa incompletude e impotência diante deste mundo onde ainda não
aprendemos a dominar.
Neste momento, quero
falar então daquilo que eu penso sobre o destino dos Homens.
Se pudermos refletir
sobre o passado, podemos apreender, de forma intuitiva, que o ser humano ao
nascer seccionado, vem aprendendo a manipular a matéria do qual é feito todos
os corpos do plano físico da terceira dimensão, a fim de poder se sentir
novamente no controle de si.
Desta forma, vemos,
por exemplo, o homem das cavernas tendo que aprender a controlar um mínimo de
coisas para sobreviver. Ao longo dos tempos, preste atenção: não é isto que
temos feito? Dominando a matéria para que possamos conseguir prolongar a vida.
Tentando driblar a morte através do domínio da matéria, estamos conseguindo
prolongar a vida e, de fato, hoje podemos viver quase que o dobro de tempo que
nossos antepassados de 200 anos atrás.
Juntamente com este
caminho de domínio sobre a matéria, estamos trilhando um caminho de
reconhecimento pessoal. Nossa vida afetiva pode ser resumida na busca de
reconhecimento. Se não somos nossa mãe, quem somos então? Eu sou alguém que
pode viver e criar algo a partir de minha própria mente.
O que é a mente?
Vejam, eu não disse cérebro. Eu disse mente: Essa coisa inexplicável que está
para além do cérebro. Se sou dotado de uma capacidade criadora para além do
físico, então há algo desconhecido em mim para além da matéria, que me
impulsiona a continuar a criar em vida mesmo estando diante da minha
incompletude.
Grandes almas que
vieram ao mundo, sob o mesmo signo da matéria, vieram para nos apontar caminhos
possíveis para além da matéria. Pessoas que viveram para mostrar que tudo é
passageiro e justamente por isso devemos estender a visão para além de nossas
angústias pessoais.
Segundo Teillard de
Chardin, não somos seres humanos que possuem almas. Somos almas tendo uma
experiência física. Desta forma podemos ter coragem de superar em nós nossas
emoções pessoais e diante da morte vislumbrar ou reconhecer o fim de um ciclo e
o início da próxima jornada.
A visão de que a
morte é o fim deste ciclo na matéria nos liberta do fardo da angústia e do luto
narcísico que tendemos a nutrir diante das perdas. Enquanto seres humanos
devemos nos acostumar ao paradigma existencial onde a vida precisa ser criada e
a morte reverenciada como a possibilidade de ultrapassar um estado limitante na
matéria.
A mágica se dará na medida em que cada um assumir sua individualidade.
Somente aprendendo a controlar a vida com as próprias mão, livres no poder da
criação estaremos prontos para morrer e deixar o outro ir também. Sair das
sombras e alcançar a luz!
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